Monday, December 15, 2008

imprevisão do tempo


chove em minha janela numa manhã de segunda em que existir, por si só, é um sacrifício. não porque a vida não valha a pena, não porque a felicidade seja incerta e não porque o amor doa; mas só porque é segunda, e faz frio. e chove, chove, sem trégua. relutante e movida talvez por um senso de capitalismo inconsciente, deixo meu ninho de edredons e vou até a janela porque "piso de madeira estraga quando molha". por um instante, deixo a janela aberta, deixo que o piso estrague, deixo que a chuva molhe. chove um chover daqueles diagonais, que não facilita o ofício de sombrinhas ou guarda-chuvas. e perto da janela, chove um chover que molha a mim, rosto, colo peito, mãos e braços. não importa. deixo. chove. chovo. só por um instante. afinal, hoje é dia de chuva.

talvez o chover tenha apenas vindo preencher o grande vazio que começa a se abrir em mim.

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